Uma forma de
ver a questão pode conduzir à conclusão de que nunca houve tanta corrupção e
que vivemos período de degradação moral em níveis jamais registrados. Outra,
contudo, permite vislumbrar transformações, inspiradas justamente na melhor
capacitação de parte do cidadão e da sociedade, de cobrar do poder estatal mais
eficiência e efetividade na apuração e responsabilização de seus agentes e
daqueles com os quais, em nome do estado, eles se relacionam, diante de
práticas moralmente reprocháveis. Práticas, aliás, historicamente toleradas ou mantidas
impunes. Muitos dos delitos ora levantados apontam exatamente para essa
realidade: o estado até aqui foi leniente com alguns tipos de corrupção,
presentes em sua cultura desde os primórdios da história pátria. Ou, no mínimo,
manteve-se desaparelhado para essa delicada função, que exige o refinamento da
virtude republicana da independência dos poderes e do reconhecimento da
igualdade entre seus cidadãos.Essa última
interpretação, mais consentânea com o refletir espírita, sinaliza avanços
institucionais e, logo, morais. A indignação, hoje claramente expressa pela
sociedade, começa a operar transformações que vão desde o aprimoramento da
legislação, ou da efetiva aplicação de estatutos legais já existentes, ao
melhor aparelhamento dos organismos públicos na persecução criminal, atingindo
a todos, sejam quem forem os transgressores.A filosofia
espírita, nascida em período histórico em que se estruturaram concretamente
conquistas do chamado estado de direito, vê o processo civilizatório como
evidência de avanço moral da humanidade. Assim, a 3ª parte de O Livro dos
Espíritos arrola a lei do progresso, a lei de igualdade e a lei de justiça como
leis morais presentes na natureza e incrustadas na própria consciência do ser
humano, mas só desenvolvidas e convenientemente aplicadas mediante o avanço
civilizatório e na medida em que, no ser humano, “a moral estiver tão
desenvolvida como a inteligência” (questão 791).
Esse tema estará, nesta data, a cargo de nossa companheira EUNICE DE PAULA que nos revelará muito mais, sempre à luz da veneranda Doutrina dos Espíritos!