sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Carta para Jesus!

Caro Amigo Jesus!
Inicialmente, gostaria de pedir escusas pelo atraso de cerca de dois mil anos no endereçamento desta carta. É que estive envolvido em sucessivas peregrinações reencarnatórias, através das quais diferentes solos pisei, realizando verdadeiras viagens por paisagens diferenciadas deste mundo-escola maravilhoso que é a Terra, durante as quais vivi tradições e culturas diversas e trocava de vestimenta carnal como, semelhantemente, fazem atores e atrizes que mudam de roupas nas peças teatrais.

Não digo que perdi um tempo precioso nessas andanças, porque as aventuras que vivi, boas e más, todas elas me serviram de experiências válidas para o crescimento do Espírito rumo à perfeição almejada, se bem que reconheço, ainda tão distante. De qualquer forma, porém, desejo dizer, meu Amigo Jesus, que poderia ter sido mais proveitosa a minha estadia aqui na Terra, caso tivesse sabido utilizar melhor o meu livre-arbítrio, evitando prejudicar meus companheiros de jornada e comprometer-me com a Lei de Justiça Divina.
Ao perpassar de tanto tempo, muitas crenças e correntes filosóficas esposei, nem sempre tão esclarecedoras e proveitosas, e uma densa névoa impediu-me de ter uma visão mais clara da realidade da bondade e da misericórdia infinitas do nosso Pai e da Sua justiça serena, mas infalível. Assim, muitas oportunidades áureas deixei escapar, esquecendo-me, vez por outra, seja por comodismo, seja por omissão ou mesmo por invigilância, dos teus sábios conselhos consubstanciados nos Evangelhos.
O tempo fluiu implacável e não volta jamais! Como teria sido muito melhor se já tivesse aprendido, plenamente, a magna lei do amor, que tem por corolários a humildade, a tolerância, a compreensão fraterna, a sinceridade e o perdão incondicional! Certamente, muitas dores teriam sido evitadas na minha caminhada.
Agora estou seriamente empenhado no esforço titânico de me desvencilhar das incrustações perniciosas do Espírito, adquiridas no pretérito e que, de certa forma, às vezes ainda querem me dominar: ora é o egoísmo ou o orgulho, ora é a vaidade ou a ambição e tantas outras impurezas poluidoras do Espírito. Atualmente, no entanto, apoio-me na Doutrina dos Espíritos, codificada pelo Missionário Lyonês, Allan Kardec, que está baseada nos teus ensinamentos evangélicos. Tenho consciência que a tarefa é difícil, mas não é impossível e guardo no coração as esperanças vivas de poder seguir os teus passos, o mais breve possível, pois confio que o Pai Supremo não abandona nenhum dos Seus filhos e oferece sempre novas oportunidades de redenção.
Nas próximas viagens à Terra que certamente ainda terei de encetar, espero escrever-te outras cartas relatando um progresso espiritual que seja mais significativo, com um aproveitamento melhor das bênçãos divinas.
Até lá, Irmão Querido, peço-te, em nome do Teu amor, que intercedas junto ao Pai por mim, no sentido de me revestir de fé inabalável, mas acima de tudo raciocinada, de muita coragem e resignação, para sofrer as conseqüências dos meus deslizes e reparar, com muito amor, os males que infringi aos meus semelhantes.
Neste momento em que a Humanidade Terrena lembra de Ti, embalada pelos festejos natalinos, Tu que és o Governador do Mundo Terra, gostaria que a Tua luz brilhante e magnetizante fosse sentida por todos, para haver mais paz e alegria em todos os corações, para que todos possam, finalmente, exercitar o perdão e o amor fraternal! Derrama as Tuas bênçãos fluídicas sobre todas as criaturas para que possam viver em harmonia, sem guerras, sem violências e sem destruições, em perfeito clima de fraternidade e que cada um possa descobrir no seu semelhante aquele próximo que deve amar intensamente, apesar das suas diferenças e imperfeições, não importando as diferentes condições sociais, raças e crenças religiosas, evitando a disseminação da discórdia, da violência, da fome e da miséria. Daí a todos a luz da compreensão da vida espiritual para aniquilar a ignorância e alçar vôos mais intensos e profundos na escala evolutiva, aproximando-se mais de Ti e do Criador.Por ora, despeço-me de Ti, meu Amigo, desejando que as tuas parábolas evangélicas possam estar eternamente presentes dentro de cada um de nós, como faróis gloriosos e abençoados, iluminando as nossas vidas, pelo que só posso render graças a Ti e ao Pai, agora e sempre!

Nenhum comentário: